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2011/04/27 01:05:00 GMT+2

Los elementos

Hay polisemias que lleva uno como enzarzadas desde jovencillo. Me ocurre con la de los elementos. A ver si me explico: a caballo de la EGB y el BUP las distintas asignaturas iban como rellenando de bits la memoria ROM de la quijotera.

En ciencias naturales, la tabla periódica de los elementos. Con esa U uránica amenazante, proto-ugráfica, acompañada de plutonios y demás demonios.
En historia, la frase épica sobre la Armada -llamada- Invencible, aquella de 'yo envié a mis naves a luchar contra hombres, no contra los elementos'.
En ética, e informal y vulgarmente en todas partes, aquello de 'vaya unos elementos'.

Las tres acepciones juguetean cuando me planteo escribir algo sobre la conmemoración del suceso de Chernóbil. Y es que aquello ocurrió porque unos elementos -de los de la acepción tercera, esto es, unos tipos- irresponsables jugaron con fuego y se les quemó el tapete. Bien. Soviéticos tenían que ser, bramaban brahmanes... pero ¿y? Y ahora humean otros reactores en Fukushima porque en el país donde se acuñó el término tsunami a algunos preclaros invencibles del desarrollo se les ocurrió poner centrales nucleares en primera línea de playa.

Volviendo a la frase de Felipe II, le quedó bordada y de tan repetida incluso se asume como fundamentada, pero el caso es que a medida que se estudian detalles de aquel 'paseo militar' lo que resulta evidente es que fue un error táctico monumental : las grandes naves nunca deberían haber ido hacia el norte de Escocia, pues no estaban preparadas para ir tan allá. De haberse quedado en las latitudes flamencas, otro fandango se hubiera cantado. Pero no, se pasaron de frenada y les dieron para el pelo y por los siglos de los siglos, se ve.

Lo mismo ocurre con la energía nuclear : situar centrales en zonas sísmicas es ya de entrada apostar mal. Lo del Japón fue este mes de marzo pero -y ahí cabe una ucronía curiosa- podria haber ocurrido en los ochenta o en los noventa, con el mismo resultado contaminante y nefasto.

Lo irónico del asunto es que el sistema sigue la máxima de la excusa exculpatoria. Que si el maremoto fue tremendo, que si no se contaba con esos elementos de la naturaleza, que si 'tragedia', que si 'impredecible'... Blas y más blas! Qué malvada, qué traicionera, la madre Gea! Qué ramera, solo les falta decir. Y así vamos... con unos elementos -de nuevo la tercera acepción- tan soberbios, tan faltones y tan malos hijos, decidiendo dónde y cómo poner sus piezas en el tablero con pleno engreimiento y con aires de invencibilidad.

Lo normal, lo natural, es que, puestos así, tarde o temprano se líe parda.
Elemental.

Escrito por: pakua.2011/04/27 01:05:00 GMT+2
Etiquetas: perspectivas palabras ucronias fuego historia nucleares elementos | Permalink | Comentarios (1) | Referencias (0)

Comentarios

Me alegro em saber que há aqueles que levantam vozes para tratar uma relação difícil e muitas vezes debatida de maneira "naturalista e naturalizada" um fenômeno profundamente social; aquele da relação entre homem e natureza. Esta "ugrafia" de Pakua nos aponta e nos instiga a refletir sobre este ponto tão crucial e que pôs (e ainda põe) inúmeros filósofos, cientistas socias, historiadores, geógrafos e uma gama de pensadores a se debruçar sobre a problemática. O mais interessante que os últimos acontecimentos, mesmo profudamente trágicos, nos colocam igualmente esta tarefa de refletir.

O primeiro ponto a destacar é aquele de colocar a natureza como aquela responsável pelas grandes tragédias humanas. Sabemos que a ocupação do espaço se realiza sob certas determinações impondo condicionantes ao sítio donde irá se erguer um povoamento, uma cidade ou uma metrópole. Estas condicionantes, principalmente a partir do século XIX, direcionam a maior parte da população as áreas mais "sensíveis" do ponto de vista ambiental ou mais vulneráveis as intempéries. As áreas ditas "privilegiadas" ou "seguras" seguem guardadas para uma parte bem reduzida da população mundial. Neste sentido e de forma resumida, cabe pensar tais "tragédias" no âmbito destes arranjos desiguais da ocupação e não tendo a natureza como o sujeito que as empreendem.

Esta perspectiva nos leva ao segundo ponto, mas que tenta também desconstruir a ideia do homem como o depredador desta mesma natureza, já que muitas vezes os discursos se direcionam a este argumento. A civilização ao longo de sua história produziu suas relações de produção pari passu com a natureza. Estas relações estiveram em grande parte dadas relativamente "equilibrada" e hoje percebemos esta afinidade com as comunidades tradicionais. Contudo, como é sabido, há uma radical transformação destas relações no mundo moderno colocando diante de nós a frenética vontade da acumulação traduzida nas produções em escala e no consumo avassalador. Estas novas relações do mundo moderno vão impondo um ritmo crescente de consumo de energia que vai justificando a incessante construção de aparatos, como as grandes usinas nucleares (injustificáveis), e deixam de lado o princípio básico da vida, ou seja: A SEGURANÇA E REPRODUÇÃO DA VIDA.  O pior esta em que grande parte desta energia é consumida por alguns privilegiados, mas o risco da contaminação nuclear é socializado pelo planeta.

A questão está, portanto, em por em discussão as relações de produção que empreendemos e que impõe um ritmo de consumo aliadas as políticas para a realização delas. São estas mesma relações (econômicas e políticas) que também determinam a ocupação de espaços no planeta, autorizando ou não a implantação de usinas nucleares sobre terrenos tão instáveis como os japoneses (55 usinas nucleares).

A ideia é não naturalizar que o homem seja ou não predador da natureza, mas a tarefa é por em evidência que e quais relações econômicas e políticas que nos levam a tão desastrosos eventos para o nível social.

Escrito por: Fabiana Valdoski - Geógrafa.2011/04/27 17:20:37.520000 GMT+2

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